segunda-feira, 21 de setembro de 2009

5 horas.

5 horas, chove como há muito não chovia,
Abrem-se capas e guarda-chuvas n'uma bizarra sintonia,
E o estrondo que faz a água no metal de meu telhado,
Me deixa retraído, sofrido, enclausurado...

Percebo porém, que o sentimento que me causa a chuva,
Ao invés de medo deveria ser culpa.
O que importa se me abalo com a eterna oscilação,
Fugaz, violenta, de mais uma paixão,
Se na rua, agora, jaz um ser, largado, no chão?

E esse ser é como eu um homem
Mais, poderia dizer,
Sofre de frio, de fome,
Enquanto o que me faz sofrer
não tem forma, nem nome.

Ele sofre mais...
Pois não é por viver largado na cidade,
Que pulse nele a vida como em animais,
Eles, heróis dos sinais,
Também amam, sofrem e sentem saudades.

Tenho mais em comum com esse homem
Que jamais ousaram imaginar,
Pois somos todos meros errantes,
E a comodidade que nos faz distantes,
Tem como areia seu fraco pilar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara,
isso é bem escrito.