segunda-feira, 29 de junho de 2009

Brinde.

Brindo à vida, brindo à morte, e a todos seus sabores.
Pecados, tristezas e gritos,
Dos corações mais aflitos,
Que transbordam suas dores.

Brindo aos erros e desvios do caminho,
A felicidade inefável do fracasso,
De quem almejou muito e exagerou no passo,
Por ter sido tão mesquinho.

Fatiga tentar desvendar,
Tudo que nos é presente,
Como a razão da vida, o próprio respirar,
Ou uma paixão que forte se sente.

Devagar e com fluidez,
Sem fazer de tudo um furacão,
Olhar pra trás e saber que não,
É só pó o que se desfez.

Brindo a tudo, brindo a todos,
De escravos a senhores,
De amigos a credores,
Que como um turbilhão de cores,
Fazem-se brancas ao infinito.

Brancas, brandas como é o vento,
Eterna brisa de amor,
Que leva embora a minha dor,
Para desembocar no esquecimento.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Como sol e lua

Ser o senhor da verdade, juiz da moral
Transcende o que me é palpável,
Aglutinação inexorável,
Entre bem é o mal.

Palavras proferidas, como flechas envenenadas,
Levam consigo o julgo, perene nas madrugadas,
E talvez seja quando a luz vai embora, e a sombra se faz pesada,
Que nos tornemos reais, sem qualquer tipo de charada.

Como o sol e a lua,
Constantes em seu movimento,
Rodando, sempre distantes, transladando pelo firmamento.
É o que sou e o que penso, dicotomia inefável, epopéia inenarrável,
Responsável por meu sofrimento.

Numa marcha constante, no desgosto do quase-feito,
Desmanchou-se o que era vivo, em um sonho todo perfeito.
Fujo, canto e choro todo meu descontentamento,
Pra sempre incompleto, fadado a ser fragmento.

domingo, 14 de junho de 2009

Gritam-me as estátuas do museu mundial dos vividos:
''A vida não é emoção, é habito, é ser corrompido.''
Gemem suas nostalgias, perenes e enjoadas,
São apenas arrependimento, de terem se vendido por nada.

Susurram que viver não é paixão,
E sim ser treinado e ir se acomodando,
Para que no final esteja a andar do jeito todos outros andam.
Não se se me enervo ou acho graça, frente a tanta desilusão,
Estátuas, podres estátuas, recheadas de solidão.

Sua malograda infelicidade, vem por suas palavras tão sofridas:
''Aproveita agora menino, é a melhor fase de toda a vida''
Como é que podem sentenciarem-se a tão profundo degredo?
Esbanjam suas qualidades, porém morrem em segredo.

Suas maldições me atingiam, enloqueciam-me por um momento.
Porém hoje já não as escuto e sigo com a cabeça erguida,
Enquanto o que corre em mim é vida, o que as preenche é só cimento.