Um homem que guarda com devido louvor,
O humilde pedaço de pão bolorento,
Ouve assustado e com estopor,
As hienas circulando-o com seu grito nojento:
És podre, és pobre, pecador avarento!
E quando nosso amigo, feliz e contento,
Com sua companheira se amam ao vento,
Crocitam os corvos pungentes tala agulha;
És fraco, és crasso, és pura luxúria!
E o irmão do campo que todo dia se aleja,
A arar terra alheia com o estomago vazio,
Vê o senhor coronel, gordo em fastio
E ao comparar tal riqueza com sua vazia tigela
Chingam-lhe os urubus, parados na janela;
Pecador, imoral, lotado de inveja!
E ao comer sem descanço,
Com as mãos sua quentinha,
Silvam as cobras peçonhentas no canto,
Malogram a criança de vida tão dura;
És podre, nojento! Recheado de gula!
E aindo o irmão que labuta de sol a sol,
Rachando, incessante que a todos agita
Ouve triste o julgo do rouxinol,
Que magnâmio de cobiça, que estraga, ele grita;
Malandro, vagabundo, o que tens é preguiça!
E se uma noite inocente,
O irmão sente a porrada estridente,
Do monstro policial,
E enraivado o desarma e sem pensar atira.
Fala a sociedade, de sapiência infinita;
És crime, imagine... Caso de ira!
E dessa lista de sete,
De veracidade incerta,
Só um dentre todos os falta,
A soberba de todos, que sempre os testa!
Pois o irmão que se vê com devida prosperidade,
Faz sem pensar o que não lhe foi feito,
Vai às ruas dessa hedonista cidade;
Pra ver, viver, respirar caridade.
Então cabe à mim, a você ou a nós?
Julgar e descriminar sem ter porque,
O homem largado que vive à merce,
Sozinho, sempre, sob o manto lunar...
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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2 comentários:
Nooossa, e qual desses já não fomos nós?
A-amei!
E se uma noite inocente,
O irmão sente a porrada estridente,
Do monstro policial,
E enraivado o desarma e sem pensar atira.
Fala a sociedade, de sapiência infinita;
És crime, imagine... Caso de ira!
Arrepiada, adoro sua forma de criticar liricamente!
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