terça-feira, 2 de dezembro de 2008

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É no mínimo engraçada a percepção de que apesar do tempo ter corrido, muito do que já era continua sendo, persevera-se intacto e perfeito. Também é muito engraçado olhar pra trás e rir do ridículo das idéias passadas, dos atos importunos, das falsas amizades. Prender-se ao passado além de melancólico, sempre nos leva a acharmos tudo que já foi feito é desprezível e vergonhoso. Vendo de fora da moldura sempre encontramos erros imperdoáveis nas ações mais ordinárias. Manter-se na nostalgia faz tudo parecer ridículo. Não obstante, fincando as idéias no passado perdemos o presente. Mas, não é também o presente, fruto do ridículo? Das palavras vazias, dos desejos traçados e sonhos previsíveis? Do grande abismo geral que nós é imposto pela falsa necessidade de superioridade ao próximo? É, de tudo que vivemos, tudo que pensamos, o que disso tudo passaria num filto contra prepotência, arrogância, consumismo, egocentrismo e profunda inércia? Somos levados a pensar cada vez menos, e cada vez mais igual aos outros. Por dentro, corroendo lentamente, segue a luta travada entre o fácil e o certo. É de fato, muito mais fácil manter-se a um conceito já disseminado e aceito, do que jogar-se a um novo que seja descriminado pela massa. Esse vazio, essa ilusão que são piores que qualquer ditadura imposta e deflagrada. Deveras pior pois age escondido, dentro de cada um de nós.

2 comentários:

ffffff disse...

Ta escrevendo bem,continua assim que voce tem futuro,grande abraco cara.

Mary Jane disse...

Gostei disso. As pessoas ainda pensam? As vezes me pergunto...