segunda-feira, 27 de julho de 2009

Curva do S.

Em terras ermas e distantes,
onde não mais canta o sabiá,
fez-se a lenda d'uma história viva,
De uma nação de errantes,
lá pros lados do Pará.

De certo que é gigante,
e lá tudo que se planta dá.
Mas por algum motivo instigante,
em terras tão abundantes,
falta terra pra quem quer plantar.

E há muito tempo atrás,
nessas terras tão distantes,
19 cavaleiros infantes,
eternos guerreiros gigantes,
banharam a terra de sangue,
Nas estradas do Pará.

Será a morte a compensação,
dessa empreendida tão arguta?
De fazer digna a vida,
de ter seu pedaço de chão,
por meio da própria luta.

E então, camará,
essa luta logo gerou medo,
nos latifundios tão grandiosos,
Porém temerosos em segredo.
Armaram-se e mobilizaram-se.
Um exército foi formado,
o animus necandi* comprovado,
para enfrentar os camaradas
que só se armaram com desejo.

E em uma tarde tão funesta,
uma tragédia que a lei não viu,
Onda tombaram 19 guerreiros,
E com eles seus anseios, naquele 17 de abril.

Foram esquecidos como homens,
Sem terras, sem nome.
E do 1 ao 19 foram numerados seus crachás,
N'uma marcha de 19 caixões, um milhão de corações:
Eldorado dos Carajás.

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