Olho pros lados na procura por ajuda,
Só vejo sombra, que profunda perdura.
Na noite augusta, que atacados em lança,
São todos aqueles que dançam na trança,
E lhes vem à cabeça, lhes choca, espanta,
Um grito, d'um canto, luta por esperança,
Transmitidos no choro infeliz d’uma criança.
E o que mais me deprime, não é a maldade que devagar se semeia,
É a falta de coragem, opressora, que rodeia.
De gritar, ir a luta, por tudo que anseia.
E essa roda infinita, que abafa, limita,
Que a todos atrai, algoz aconchego,
Àqueles que cedo, já sofrem por medo,
E deixam-se rodar, e controlar a vida.
Necrose premeditada, que mata amansando.
A alma, a vida e todos os sonhos.
Trocados por uma reta, invariável.
Para sempre constante, inexorável.
Como um corredor que corre sem parar
Que olha a seu lado, e se vê rodeado,
De um tempo nublado, n’um horizonte fechado.
E a angustia aumenta, quando o silêncio enfrenta
O grito de medo, que na garganta se assenta.
E vê sua vida, seu mundo, tudo acabado.
E é devagar que rola, uma lágrima salgada,
Pela pálpebra aberta de uma pupila fechada.
Sente-se preso, por todo acorrentado,
E devagar lança um olhar ao passado,
E sua angustia é tanta, que se sente roubado.
Pois vê apenas um final infeliz, de um filme alugado.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
você escreve bem.
Me tocou MUITO. Deve ser pelo medo de fracassar na busca de uma vida que nao seja um "filme alugado"...
Postar um comentário