sábado, 16 de maio de 2009

Era nada, só fluidez,
corria pelos campos como quem respira muito fundo
Por saber ser a ultima vez.
Correndo era livre, era só possibilidades,
Esquecia da pobreza e de todas suas necessidades.

Não tinha nome, endereço ou idade,
Era apenas por ser, extintas todas mediocridades,
Tudo era música a seus ouvidos, reinava plena a felicidade.
E de repente aquele barulho, acordava-o na madrugada.
Vinha o cheiro do lixo, a solidão e o frio da calçada.

E a música que o acalmava, tornara-se seu tormento.
Estridente como um trovão, mudava tudo em um momento.
A sirene malograda, e o turbilhão de sentimentos.
Daquela noite tão triste, que fora pego pela primeira vez.
Por que? Ele se perguntava, se nada tinha feito.
Não obstante, batiam-lhe, e riam com seus risos nojentos.

Socos, pontapés, vinham de toda direção,
Porém não soltara um grito, ou qualquer exclamação
A raiva que sentia suplantava seu horror,
Batiam-lhe sem motivos, só para infligirem-lhe dor.
Desgraçados, amaldiçoara-os todos, do âmago de sua humilhação.

Enquanto tantos roubavam e matavam o povo,
Por que ele, que era só um garoto?
Que vontade de gritar, de acabar com tudo isso,
Para os piores a impunidade, para os pobres pura maldade.
Sentia-se ruir em torno desse conflito.

Era mais pena do que raiva, o que ele sentia.
Do fundo da sua desgraça, parava e refletia.
Sobre a desgraça por todo o mundo, mascarada em hipocrisia.
Sobre a humanidade e seus tugúrios,
Tais como um fruto podre, que por fora vai ficando duro.
Mas uma chama o mantinha vivo, e alimentava-o a cada segundo.
Por mais que eles tentassem, ninguém mata o futuro.

E aceitava sua dor, e toda humilhação,
Se servisse de exemplo e acordasse toda a nação.
Era mais um pobre que morria, sem dó ou compaixão.
Morreu com um sorriso estampado, e leve de coração.
Morria por seu povo, pela causa, por seus irmãos.

Um comentário:

Lívia H. disse...

Tiradentes ou Jesus Cristo? rs

Muito muito bom. Adorei o ritmo.
Já tentou escrever contos com essa mesma temática? Acho q ficaria ótimo tb.

Bêêê-ê-ê-ijo!